[foto: LAÍS OLIVER]
Eu estou escorregando para fora de mim, estou derretendo,
saltando de dentro, tentando romper a pele, rasgar as veias, não quero, posso,
explico: não quero fazê-lo, mas saber que posso dá-me esta sensação de
liberdade, do alto dos meus – já não me recordo quantos anos. ‘Easy, easy boy/you still look so good/to me/to
me too/you look so’. Fui advogado de um deus que nunca me pagou as
contas, de um deus que defendi no tribunal inúmeras vezes por crer que morreria
melhor sabendo que dediquei minha vida a algo bom. Sempre fui esse idiota que
acredita mais no que vê do que no que sente. Onde estou hoje? No topo. Sou a
mais alta representação da inexistência de um deus externo, invisível, carente
de crença. Um deus que sou eu, aqui, prostrado frente ao muro do mundo. Que,
por sua vez, perfura meu olhar com cuspes de crueldade: meninos mortos em
parques, policiais com roupas de bandidos, empresários presos, políticos
enjaulados por roubarem dinheiro de quem os colocou no poder, jornais dementes,
silenciosos parques noturnos, alagamentos dentro das casas das pessoas, velhos
falando alto ao celular, patrimônios urbanos destruídos, abusos sexuais rezados
por padres em corredores dos conventos onde faz-se eco (Eco, Umberto Eco, tens
dito, ninguém o escuta?), músicos que empunham guitarras para o mal, que
barulho da gota é esse que faz dentro da minha cabeça, eu vou rasgar a minha
pele, quero sair de dentro daqui. ‘Easy, easy boy/you look so’. Demorei dois
anos para terminar esse chapéu, me protege de olho gordo e de ser miserável.
Porque ser pobre, tudo bem, a presidente disse que tudo bem. Não pode ser
miserável. E sou rico, fiquei rico juntando essas moedas durante dois anos, sou
um nobre – bom, à parte do que carrego de odores dos becos onde mijo e das
esquinas onde durmo. Sou imperador da rua, chefe do estado de espírito do
bairro, presidente da república federativa do viaduto onde adoro passear à
noite. Vamos embora, meu povo, antes que eles nos cerquem novamente, vamos,
antes que digam que somos vegetais apodrecidos na bela horta da paisagem
urbana, vamos antes que espalhem mais cartazes nos relógios da cidade para
dizer coisa alguma para ninguém, vamos que é cedo e cedo, sim, é a melhor hora
de partir. Vamos, amigos, vamos antes que digam que nós é que somos os loucos.
E cantou.
Pelo sim, pelo não
Pelo menos eu
Pelo amor, de deus
Meus pensamentos
Pelo mundo vão
Enquanto vou, estou, sou
São
Depois de hoje, inventarei o amanhã, para que nem só de
futuro se alimente a esperança. E antes que esqueça: serei, amanhã, melhor que
ontem, que será hoje.
Logo foi detido por quatro homens da milícia social em rede,
pois acreditava-se, nos corredores do Palácio dos Julgamentos Impróprios, que
falava demais. Falava demais e por demais – gente demais, assuntos demais,
verdades demais. Havia conquistado um terço do mundo que valia a pena, terras
prósperas e de gente trabalhadora. Pulava muros para comer mangas à sombra das
suas copas. Beijou desconhecidas em pleno carnaval. Inventou o abridor de
garrafa emergencial em forma de boca e dentes. Destruiu ventiladores para criar
motores para barcos imaginários. Pintava notas de dinheiro com giz de cera. A
milícia o levou para Elba.
Um ótimo site onde você envia sua melhor foto e eles criam
uma ótima história pra você, vale a pena conferir!!!!
...........................................................................................................................................................................
I've always been that idiot who believes more than what you see, what you feel.
I've always been that idiot who believes more than what you see, what you feel.
I'm slipping
out of me, I'm slipping, jumping in, trying to break the skin, ripping the
veins, do not want, I can explain: I do not want to do it, but I know that
gives me this feeling of freedom, the top of my - I do not remember how many
years. 'Easy, easy boy / you still look so good / to me / to me too / you look
so'. I advocate a god that I never paid the bills, a god who defended in court
numerous times for believing that he would die better knowing that I devoted my
life to something good. I've always been that idiot who believes more than what
you see, what you feel. Where am I today? At the top. I am the highest
representation of the absence of an external god, invisible, lacking belief. A
god am I here prostrate against the wall in the world. That, in turn, my gaze
pierces with spits of cruelty: boys killed in parks, police clothes with
bandits arrested businessmen, politicians jailed for stealing money from those
who put them in power, newspapers demented, parks silent night, flooding within
the people's homes, old people talking loudly on cell phones, urban heritage
destroyed, sexual abuse by priests prayed in the hallways of the convents where
echoes (Eco, Umberto Eco, have said, nobody listens?), musicians who wield
guitars for evil that noise drop is the one doing inside my head, I'll rip my
skin, I want to get outside of here. 'Easy, easy boy / you look so'. It took me
two years to finish this hat protects me from evil eye and be miserable. Why
being poor, okay, the president said okay. There can be miserable. And I'm rich
got rich by joining these coins for two years, I'm a nobleman - well, apart
from that carry odor of piss and alleys where the corners where I sleep. I am
emperor of the street, head of the mood of the neighborhood, the president of federal
republic where the viaduct love walking at night. Let's go, my people, before
they surround us again, we will, before you say that vegetables are rotting in
the beautiful garden of the urban landscape, before we spread more posters in
the city watches to say anything to anyone, it's early going and early, yes, it
is the best time to go. Come, friends, let's say that before us is that we are
fools. And sang.
For yes, by
not
At least I
For the
love of god
My thoughts
The world
will
As I go, I
am
Are
After
today, invent tomorrow, so that not only feeds of future hope. And before I
forget: I'll be tomorrow, better than yesterday, which is today.
Logo was
arrested by four militiamen social networking, because it was believed, in the
corridors of the Palace of Trials Unfit who talked too much. Talked too much
and too - too many people, too many issues, too many truths. Had won a third of
the world it was worth, and prosperous land of working people. Jumped walls to
eat mangoes in the shade of its canopy. Kissed unknown in full carnival.
Invented the emergency bottle opener-shaped mouth and teeth. Destroyed fans to
create imaginary engines for boats. He painted banknotes with crayons. The
militia took him to Elba.
A great
website where you send your best photo and they create a great story for you,
check it out!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário