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(...) A preguiça se parece muito com a humildade. Não quero nada além do não ter a cumprir em hora certa. Livre a hora futura... ainda que incerta. Que não me dêem além de viver no Tempo sem pensar em aproveitá-lo. Não importa o minuto que passa sobre o meu sono sem ambições, o minuto que passa sobre a rede onde estou deitado quase imóvel. Os bens chegarão ao acaso. O acaso é a verdadeira hora certa. A mulher virá para o amor. A poesia explicará o mistério. A música me desvenderá durante um tempo. Tudo que houver de ser legitimamente meu, virá entre as horas que perco, enquanto durmo. Só me exalta a posse legitima e afim. (...)
Faltará ânimo para o fingimento e a fuga, quando acreditarmos em que ninguém engana ninguém e em que somos capazes de conhecer o próximo, desde o instante inicial do primeiro conhecimento.
Antônio Maria
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