segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sempre fui esse idiota que acredita mais no que vê do que no que sente.


[foto: LAÍS OLIVER]

Eu estou escorregando para fora de mim, estou derretendo, saltando de dentro, tentando romper a pele, rasgar as veias, não quero, posso, explico: não quero fazê-lo, mas saber que posso dá-me esta sensação de liberdade, do alto dos meus – já não me recordo quantos anos. ‘Easy, easy boy/you still look so good/to me/to me too/you look so’. Fui advogado de um deus que nunca me pagou as contas, de um deus que defendi no tribunal inúmeras vezes por crer que morreria melhor sabendo que dediquei minha vida a algo bom. Sempre fui esse idiota que acredita mais no que vê do que no que sente. Onde estou hoje? No topo. Sou a mais alta representação da inexistência de um deus externo, invisível, carente de crença. Um deus que sou eu, aqui, prostrado frente ao muro do mundo. Que, por sua vez, perfura meu olhar com cuspes de crueldade: meninos mortos em parques, policiais com roupas de bandidos, empresários presos, políticos enjaulados por roubarem dinheiro de quem os colocou no poder, jornais dementes, silenciosos parques noturnos, alagamentos dentro das casas das pessoas, velhos falando alto ao celular, patrimônios urbanos destruídos, abusos sexuais rezados por padres em corredores dos conventos onde faz-se eco (Eco, Umberto Eco, tens dito, ninguém o escuta?), músicos que empunham guitarras para o mal, que barulho da gota é esse que faz dentro da minha cabeça, eu vou rasgar a minha pele, quero sair de dentro daqui. ‘Easy, easy boy/you look so’. Demorei dois anos para terminar esse chapéu, me protege de olho gordo e de ser miserável. Porque ser pobre, tudo bem, a presidente disse que tudo bem. Não pode ser miserável. E sou rico, fiquei rico juntando essas moedas durante dois anos, sou um nobre – bom, à parte do que carrego de odores dos becos onde mijo e das esquinas onde durmo. Sou imperador da rua, chefe do estado de espírito do bairro, presidente da república federativa do viaduto onde adoro passear à noite. Vamos embora, meu povo, antes que eles nos cerquem novamente, vamos, antes que digam que somos vegetais apodrecidos na bela horta da paisagem urbana, vamos antes que espalhem mais cartazes nos relógios da cidade para dizer coisa alguma para ninguém, vamos que é cedo e cedo, sim, é a melhor hora de partir. Vamos, amigos, vamos antes que digam que nós é que somos os loucos. E cantou.


Pelo sim, pelo não
Pelo menos eu
Pelo amor, de deus
Meus pensamentos
Pelo mundo vão
Enquanto vou, estou, sou
São


Depois de hoje, inventarei o amanhã, para que nem só de futuro se alimente a esperança. E antes que esqueça: serei, amanhã, melhor que ontem, que será hoje.

Logo foi detido por quatro homens da milícia social em rede, pois acreditava-se, nos corredores do Palácio dos Julgamentos Impróprios, que falava demais. Falava demais e por demais – gente demais, assuntos demais, verdades demais. Havia conquistado um terço do mundo que valia a pena, terras prósperas e de gente trabalhadora. Pulava muros para comer mangas à sombra das suas copas. Beijou desconhecidas em pleno carnaval. Inventou o abridor de garrafa emergencial em forma de boca e dentes. Destruiu ventiladores para criar motores para barcos imaginários. Pintava notas de dinheiro com giz de cera. A milícia o levou para Elba.

Um ótimo site onde você envia sua melhor foto e eles criam uma ótima história pra você, vale a pena conferir!!!!


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I've always been that idiot who believes more than what you see, what you feel.

I'm slipping out of me, I'm slipping, jumping in, trying to break the skin, ripping the veins, do not want, I can explain: I do not want to do it, but I know that gives me this feeling of freedom, the top of my - I do not remember how many years. 'Easy, easy boy / you still look so good / to me / to me too / you look so'. I advocate a god that I never paid the bills, a god who defended in court numerous times for believing that he would die better knowing that I devoted my life to something good. I've always been that idiot who believes more than what you see, what you feel. Where am I today? At the top. I am the highest representation of the absence of an external god, invisible, lacking belief. A god am I here prostrate against the wall in the world. That, in turn, my gaze pierces with spits of cruelty: boys killed in parks, police clothes with bandits arrested businessmen, politicians jailed for stealing money from those who put them in power, newspapers demented, parks silent night, flooding within the people's homes, old people talking loudly on cell phones, urban heritage destroyed, sexual abuse by priests prayed in the hallways of the convents where echoes (Eco, Umberto Eco, have said, nobody listens?), musicians who wield guitars for evil that noise drop is the one doing inside my head, I'll rip my skin, I want to get outside of here. 'Easy, easy boy / you look so'. It took me two years to finish this hat protects me from evil eye and be miserable. Why being poor, okay, the president said okay. There can be miserable. And I'm rich got rich by joining these coins for two years, I'm a nobleman - well, apart from that carry odor of piss and alleys where the corners where I sleep. I am emperor of the street, head of the mood of the neighborhood, the president of federal republic where the viaduct love walking at night. Let's go, my people, before they surround us again, we will, before you say that vegetables are rotting in the beautiful garden of the urban landscape, before we spread more posters in the city watches to say anything to anyone, it's early going and early, yes, it is the best time to go. Come, friends, let's say that before us is that we are fools. And sang.

For yes, by not
At least I
For the love of god
My thoughts
The world will
As I go, I am
Are


After today, invent tomorrow, so that not only feeds of future hope. And before I forget: I'll be tomorrow, better than yesterday, which is today.

Logo was arrested by four militiamen social networking, because it was believed, in the corridors of the Palace of Trials Unfit who talked too much. Talked too much and too - too many people, too many issues, too many truths. Had won a third of the world it was worth, and prosperous land of working people. Jumped walls to eat mangoes in the shade of its canopy. Kissed unknown in full carnival. Invented the emergency bottle opener-shaped mouth and teeth. Destroyed fans to create imaginary engines for boats. He painted banknotes with crayons. The militia took him to Elba.

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