terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ZZombieland , por Julia Petit .


Há algumas semanas publiquei um post sobre o que a gente precisa realmente ter ou não. Assunto ligado às palestras que dou em escolas de moda. Porém durante o SPFW, dei uma entrevista para a fofa Marina Santa Helena do Supremas. E por causa desta entrevista, me deu vontade de escrever mais sobre o assunto. A semana de moda é uma excelente época para se observar em máximo volume o comportamento das pessoas em relação a roupa. Como sempre, tem a população divertida que se monta toda pra passear nos corredores da bienal. Mas o que mais observamos era uma multidão de meninas e meninos (tanto nos corredores, quanto fora deles) querendo parecer imagens que já cansamos de ver nos blogs de streetstyle. Mas e dentro da roupa? Quem está lá? O que parece é que na casca de fora está  sendo passada uma mensagem que em nada tem a ver com o conteúdo. Como se fossem zumbis. São combinações, trejeitos já vistos, marcas, logos… Tudo posicionado para dar uma mensagem. A aparência é realmente ótima. Mas lá dentro, ao invés de um cérebro que manda comer MIOLOS! existe um um que comanda: BOLSAS, PULSEIRAS, SAPATOS!. É a cultura do “eu visto, logo existo”. Quando o que você usa, é mais importante do que você, a roupa passa a ser apenas um veículo de propaganda de quem você quer que as pessoas pensem que você é, ao invés de ser uma extensão da sua personalidade. Mas pera! Querer parecer alguma coisa que você gostaria de ser, não é também uma parte da sua personalidade? Sim. Parte da personalidade de um grande outdoor de propaganda. Me compre! Ando cada dia pensando mais nestes assuntos. Mostramos aqui uma infinidade de tendências e produtos, mas gostaria de poder ter certeza que, ao invés de infectar mais pessoas com a febre virótica dos zumbis da moda, estamos dando opções para quem quer ter personalidade própria e escolher o que realmente lhe representa neste mar de consumo. E não. Ter coisas não nos faz pessoas melhores. Como eu disse para a Marina: “O que você usa fala muito de você, mas o que você usa não fala por você”.

Tem alguém aí dentro?

Ilustração: Marcio Alek

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